quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007


Mais um adeus


A notícia de mais um adeus chegou à minha caixa eletrônica aproximadamente às 4h30min da tarde. As palavras da moça que gosta do bairro Santa Teresa e curte samba e poesia culminaram em um “Fica com Deus e seja muito feliz”. Palavras duras até para um suposto poeta que as recebe em uma tarde nublada de terça-feira.

Poeta este que escreve agora, tentando entender essa temida hora em que tudo se torna história. A curiosidade levou o homem a tentar desvendar mundos, todos de uma só vez. Outros chamariam isso de descuido, talvez. Mas em meio à vida, dita rápida e passageira, este poeta juntou papéis e canetas e foi ao mundo. Observou olhos e olhares. Sentiu toques e experimentou bocas. Compenetrou-se na verdade e procurou não omitir os passos de seu caminho, nem mesmo a paisagem ao seu redor. Tentou não espalhar sofrimento. Teve certa leveza para dizer coisas duras. Foi atrás de terras distantes que o atraíam e, muitas vezes, pegou no sono onde lhe parecia seguro e confortável. Porém, acordava sempre com a sensação de que precisava partir. Sentiu medo, pavor, quando a mulher que dormia ao seu lado o beijou e partiu sem ao menos dizer adeus. Sabia que a fatalidade estava por vir. Ninguém escapa do espasmo desconfortável dos adeuses.

Há tempo para tudo. Para encontros e despedidas. Para um beijo inteiro ou um beijo partido. Para a poesia e para a prosa. Para amores presentes e futuros amantes. Para a felicidade e para a tristeza. Para a razão e para a incerteza. Para o sonhar e para ter o sonho desfeito. Tempos para se achar e para se perder pelos caminhos. Para começo e fim de romance. Tempo para o engano e para o desengano.
Mas sempre resta a lembrança dos carinhos sem fim. E como canta o maestro Tom Jobim, em uma de suas músicas: “É preciso dizer adeus”.


Daniel Rubens Prado,
Verão de 2007.
Chove e faz sol.
Clique nas músicas para ouví-las.

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