quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Belo é o horizonte. São 26 de novembro. É madrugada de 2008.

Entro com os olhos perdidos. Sua falta é de casa,
mesmo com as janelas fechadas e as luzes apagadas.

Sua ausência corre as ruas,
Dobra os ventos,
Mas chega à minha cama

aflita

Algumas palavras são mesmo belas. Outras são apenas bonitas.
Você é linda e é tudo o que eu desejo
agora

Sinto pelo futuro.

O presente é o que me toca.
Amanhã tem buracos mais embaixo.
Hoje é feito de sentidos.

Sinto a sua falta.






Dani Rubens Prado

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cogumelo de espuma



Para fugir da violência do Rio de Janeiro, agravada pela inadimplência do poder público, a jornalista Anni Martinez muda-se para Belo Horizonte. O que ela não sabia é que ninguém foge do seu destino, e combater a perversão do poder seria a sua lição inevitável.

Na capital mineira, Anni recebe uma caixinha de papel mâché com evidências sobre o crime de uma acompanhante profissional. Entre a lista de suspeitos estão senadores, deputados, ministros e até o governador do Estado. Começa então uma verdadeira caçada ao assassino, em que a jornalista poderá contar apenas com o amigo Jovi – esse, um fotógrafo excêntrico que circula no meio político com facilidade, mas que esconde um segredo terrível.

Num clima de traições e mentiras, o enredo se desenvolve para o seu objetivo principal que é narrar sobre os bastidores da política e os mecanismos da corrupção, as ambições do ser humano e sua maneira de atingi-las, suas paixões e os diversos caminhos usados para saciá-las, e a febril sensação de estar acima de tudo e de todos que acometem alguns atores da nossa sociedade.

“Cogumelo de Espuma” é instigante e envolvente, às vezes, concentrado e patético, mas sempre amparado pela realidade, não só do panorama político atual como também da história das pessoas comuns, ainda que esta realidade beire à lenda – fora do ar e do tempo.

A eutanástica jornalista Staël Gontijo lança o livro “Cogumelo de Espuma” no dia 25 de novembro, às 19 horas, no Terraço da Leitura do Pátio Savassi.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Velhice


Quando um velho velha,
O homem que ali vivia
Se empedra: perde a pluma
Da juventude, empluma
A pedra da saudade.
Mirra aquele rio mesmo
Que o trespassava desde feto.
Um velho quando velha
Parte a pedra da memória,
Reencontra a sua pluma
Mas não pode resgatá-la.
Cristal então conformado,
Robustece a sua geologia
E afunda no ar do tempo
A sua vida arredia.




Imagem: Old Man,
Por Yuri B.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

De brejos e promessas



Fiquei um ano sem tomar cerveja. Fiz uma dúzia de promessas. A que ficou de pé foi abandonar os lagoinhas por um ano. Foi isso que falei à minha mãe. Em troca, ela me deu o sorriso mais leve e despojado, na última alegria terrena. Coisa que só mãe pode dar e sentir. – Ave, Maria!

Enfim, um ano sem beber uma gelada, seja loira ou mulata; seja pílsen, premium ou mesmo o chopinho nosso de cada dia. Fui obrigado a desviar minha atenção para outras – bebidas destiladas, vinhos e até doses mais altas d’água.

Ao tomar o primeiro gole, naquela tarde de primavera beirando o verão, senti que anjos tocavam trombetas e anunciavam bonança. Traziam no sopro as boas novas. E foi em meio a uma satisfação do dever cumprido que o malte desceu sem culpa.

No meio da taça de chope, uma brisa esbarrou em mim, antes que completasse sua sina de beijar mais meia dúzia de esquinas. Olhei para o céu, que estava num azul de invejar santos brigadeiros; e sorri, como se pudesse alcançar os olhos de minha mãe.

Foi assim que me senti naquela tarde. E, só de pensar, como diz a prima Jane de Fátima, minha boca virou um brejo.
Imagem: Nelson Maia.