quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Da alma
vem a música para ser sentida.
A magia deixa o rastro.
Solta cores, solta risos.
Na sombra da noite,
vivem a saltar e cantarolar.
Com a dança brilha a lua,
vibra a vida, sorri as flores.
Sons psicodélicos
buscam anárquicos ouvidos.
Texto: Diane Mazzoni.
Imagem: Bruno Grossi.

domingo, 18 de janeiro de 2009


Leitoras e leitores do Projeto Eutanásia,

Hoje, domingo, dia 18 de janeiro, comemoramos dois anos desta página negra bordada de lirismo e devaneios. Quando o projeto começou, éramos apenas dois. E, agora, dois anos passados, a família Eutanásia não pára de crescer. Somos 23 cúmplices com a deliciosa missão de derramar palavras, juntando sonhos e ilusões, compartilhando encantos e emoções.

Agradecemos a todos que por essas paragens pousaram os olhos, nem que por módicos cinco minutos.

A vida urge poesia, o Projeto Eutanásia grita pela vida.

Vida longa ao Projeto Eutanásia!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O sol reflete e nossos olhos saboreiam belas cores.
A música é linda e triste como fim do outono

quando se está só.
A roldana avança e quem dança são os pais do pequeno Vinícius,

que canta em forma de oração:


a chuva cai tão de repente molha todo o meu colchão
nessa casa sem parede vida de dormir no chão
criança nasce entre serpente o sol pra ela lá não está
desde pequena já aprende mesmo fraca tem de lutar
cai sem me machucar cai sem me machucar.


contra sabores amargos
mais cores, realmente mais, simplesmente cores
contra danças chuvosas
algum ofício
contra o inverno a chegar

alguém.


Texto e fotografia 1: Lício Daf.
Fotografia 2: Daniel Rubens Prado.

Imagem: Artista desconhecido - grafite no muro próximo à FUMEC.

Procuro me encontrar

Em algum lugar não

Muito distante.

Entre a vogal e a consoante,

Ser sujeito composto

Por determinantes.
Texto: Fernando Luz.
Imagem: Autor desconhecido.

(In) Felicidade


A queda foi rápida, comentavam.

- Alguém sabe o motivo?

- Sei que foi de amor, correspondido.



Texto: Bella Grossi.
Imagem: Autor desconhecido.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ainda há pouco

“É preciso fazer um poema sobre a Bahia...
Mas eu nunca fui lá”
C.D.A.




Ainda há pouco cheguei da Bahia. De Cumuruxatiba. Foram sete os dias em companhia do sol e de meu fiel e pontual amigo, Deoti. Guardei meu relógio e toda e qualquer preocupação que carregava. Não deixei que os ponteiros me alertassem nessa viagem. Só os meus sentidos. E um deles foi sentir sua falta. Muito. Sem hora marcada.

O mar fez com que meus olhos se enchessem de versos. O céu, é claro, conspirava a favor das cervejas e caipirinhas. Entre goles e suspiros, espremia areia fina entre os dedos dos pés. E, nas frinchas do meu coração, vento sul - massagem para o ínvio caminhante e alívio para a alma distraída e cheia de esperanças.

Havia toda uma preguiça nas horas, na brisa, nas tardes.
O torpor aconchegava o espírito no corpo. Esforço mínimo e com direção certa. O resto beirava estado de letargia. Pura. Enquanto a maré ia e vinha, partia e voltava, eu continuava ali, cômodo, contemplativo, patético até.


Poucos e únicos pensamentos pairavam na cabeça. Sua imagem se misturava ao calor da Bahia. Volta e meia eu a via, miragem castanha nas paragens verdes do mar. Era o verão. Sangrando em saudades. Salgadas.

De pés descalços, caminhei a beira-mar e de tudo o que vale a pena. Era eu de novo, roçando no lado suave da vida.
Mesmo com toda a saudade no peito, a quietude entre terra e mar, a aragem entre areia e céu, me trouxeram à memória tempos mais amenos.

Ainda há pouco vim de lá. Confesso-me perdido. Mas calmo, talvez. Sua voz ainda mora em mim. Eco suave das brisas que descem da Serra do Curral. Resta um carinho seu na pele, mesmo depois de tanto sal, sol e sul da Bahia. Apesar da distância, sobrevivo. Você ainda vive em mim, resistente.

Ainda há pouco vim da Bahia. E lá, senti de novo que é preciso fazer todo o necessário para tornar o que é eterno suave. E o que for doce e efêmero, eterno.

Ainda há pouco eu vim.

Ainda há muito em mim.


Imagem: Leo Deoti.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O grão imastigável


Palavras que sustentam
Como um nobre seguidor
Em folhas de papel recém rasgadas
Frases regugitadas
Pensamentos soltos
Metáforas sempre gastas
Catar a alma
Saborear o incomível
Absorver o feito
Catar feijão
Catar o indigesto
Catar Cabral de melo neto
Semear o dito
Colher o inefável
Degustar
O grão imastigável
Texto e imagem: Bruno Grossi.