sexta-feira, 27 de janeiro de 2012



Eu que vivia poesia
Outro tempo senti que ela corria de mim
Corri atrás da poesia, como quem apenas corria
E ela fugia, numa corrida sem fim

Então um moço disse que de tanto se esforçar
Só fazia afugentar poesia
Que poesia é passarinho,
que de pouquinho em pouquinho
Se deve esperar,
Que era só se fazer de poleiro,
que sem assombro
ela viria pousar no meu ombro


Poesia: Kamilla Mota.
Imagem: Luiz Ventura.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

De um específico sentimento melancólico que resulta de um afastamento específico

Padeço de saudade crônica
e esse é o pior tipo de saudade
me faz quase um morto

Com saudade aguda
se ouve alguma orquestra sinfônica
se joga o corpo na cama
se joga na cama outro corpo
se joga e logo se faz idade
E tudo se esvai com a idade


Menos a saudade crônica

Se faz como se fosse a morte
desfaz qualquer tipo de sorte
e causa uma dor absurda
me impede de andar, senão torto
sabe, ela é arqui-inimiga da idade
uma orquestra que toca para sempre
pensando bem era mesmo melhor estar morto

Padeço de saudade crônica

E nem sei mais se padeço ou se já padeci
Pensando bem, era mesmo melhor estar morto


Sabe, eu acho que morri


Poesia: Ewerton Martins Ribeiro.
Imagem: Adam Taylor.