para enfeitar os teus olhos,
nem bondade, nem carinho
para a tua mocidade.
As minhas pobres palavras
são modeladas de acordo
com a vida em que me criei.
Por isso não sei dizer
as palavras (talvez inúteis!)
pra fazer teu coração
bater, depressa, de amor
e acender nos teus olhos
o brilho da alegria.
Sou bruto. Sei machucar-te.
Dá-me tuas mãos! Vou quebrá-las!
Quero morder os teus lábios,
apertar com força teus seios,
dizer-te bem alto: quero!
E depois, quando chorares,
direi, do canto do quarto,
vendo teu corpo ferido:
- teu choro não tem razão...
E de encontro à parede
quebrar-te-ei os ossos
até ver o corpo
desarticular-se!
Sou filho de gente bruta!
Minha ternura não serve!...
Confissão: Clemente Luz.
Imagem: Arquivo Correio Brasiliense.
5 comentários:
lindo, lindo, lindo! deliciosa leitura, delicioso poema...! amei!
Grande descoberta essa, senhor Fernando Luz. Clemente entrou para a minha lista de poetas maiores da língua portuguesa.
Um grande abraço do fã e amigo,
Daniel Rubens Prado.
Clamemos, Clemente!
E que dizer de quem gosta de chorar
e ser quebrado
em mil pedaços
gente na vida
quer de tudo!
uns a construção
outros a quebra
Olá Clemente,
Adorei. O texto tem gosto de "quero mais".
Staël Gontijo
Postar um comentário