terça-feira, 15 de maio de 2007

Nocaute


Desde os primórdios da humanidade que os homens costumam se atracar. Seja por território, seja pelo motivo mais nobre do mundo – a mulher.

A palavra boxe deriva do inglês to box, que significa bater ou bater com os punhos. Essa expressão foi usada na Inglaterra até o século 19.

O boxe é também chamado de pugilismo. Derivado do latim, pugil significa “lutador com cestus”. Cestus era um conjunto de correias de couro, placas de ferro e chumbo usados pelos lutadores romanos. Pugillus significa punho fechado.
Nos séculos XVIII e XIX, na Inglaterra, os homens costumavam lutar sem luvas ou proteção qualquer. Mesmo sendo brutais, as lutas eram muito populares entre os ingleses. O boxe foi se espalhando pelo mundo a partir de 1920. Mas há indícios de sua existência entre os humanos desde 1500 a.C.

Dos pugilistas mais famosos, lembro-me agora de Joe Louis, Rock Marciano, Muhammad Ali, Mike Tyson, Evander Holyfield e claro, os heróis brasileiros Éder Jofre, Maguila e Popó. Éder Jofre foi campeão mundial dos pesos-galos quando nocauteou o mexicano Eloy Sanches, em novembro de 1960. Em 69, já na categoria dos penas, derrotou por pontos o cubano naturalizado espanhol José Legra, conquistando o título mundial da categoria. Éder, em toda sua carreira, conseguiu a marca de cinqüenta nocautes.
Adilson José Rodrigues, mais conhecido como Maguila, por causa de sua semelhança com o gorila personagem de um desenho de Hanna & Barbera, foi campeão mundial da categoria peso-pesado. Quem não se lembra dele? Figura caricata, Maguila já enfrentou vários bambambãs do boxe, muitas vezes caindo de cara na lona. Mas vá lá, ele tem seu mérito. Hay que ser mucho macho para enfrentar brutamontes como Tyson e Holyfield.
Medindo apenas 1,68 metro, Acelino Freitas, o Popó, é o nosso último herói dos ringues. Conhecido como Mão-de-Pedra, nasceu em Salvador e começou a lutar aos 14 anos. Consagrou-se vice-campeão pan-americano aos 19; em 2002, unificou os títulos da Organização Mundial e da respeitada Associação Mundial de Boxe. Hoje, anda mal das pernas, digo, dos punhos. Depois de reconsiderar sua aposentadoria, perdeu o cinturão para o norte-americano Juan Diaz, em abril deste ano.

Saindo do ringue tupiniquim e indo como um direto de direita para os grandes pugilistas internacionais, Mike Tyson é o mais conhecido, por sua selvageria dentro e fora dos ringues. Aos vinte anos de idade era o mais jovem campeão da categoria dos pesos-pesados. Mas em 1990, Tyson foi derrotado por James Buster Douglas, no 11º assalto, em uma luta histórica, na cidade de Tóquio. Depois disso, entre escândalos e prisões, entrou nos ringues para a decadência. Quem não se lembra da madrugada em que a fera arrancou com uma mordida, um pedaço da orelha do lutador Evander Holyfield? Teve que desembolsar três milhões de dólares e ainda perdeu a licença de lutar boxe em Nevada, EUA. Sem contar os processos por assédio sexual.
Agora, se for para falar de grandes lutadores mesmo, sou obrigado a recordar dois, mesmo que eu não os tenha visto lutar. Em 1952, Rocky Marciano protagonizou uma das maiores lutas da história do boxe, derrotando Jersey Joe Walcott e conquistando o título mundial. Mesmo quase cego, por causa de um coágulo cáustico que havia escorrido para os olhos, devido, é claro, a uma luta anterior, Marciano finalizou seu oponente com um direto de direita; o mais famoso da história do esporte. Rocky nunca foi derrotado nas suas 49 lutas como profissional; porém, como amador, beijou a lona diversas vezes.

Para finalizar minha primeira crônica esportiva, antes que eu seja nocauteado pelos leitores, chamo a atenção de todos para lembrar Cassius Marcellus Clay Jr., mais conhecido como Muhammad Ali. É considerado, por muitos, o maior pugilista de todos os tempos. Ficou conhecido não só pela maneira ímpar de lutar, mas pelas suas posições políticas. Quando mudou seu nome, ao se converter ao islamismo, lutou bravamente contra o racismo. Hoje, Muhammad sofre de uma doença similar ao Mal de Parkinson, denominada "parkinsonismo do pugilista". É válido lembrar que ele, em uma luta contra Ken Norton, em 1973, suportou 12 assaltos com o maxilar quebrado.
Peço perdão a todos aqueles que deixei de mencionar, inclusive um número grande de mulheres da pesada que, recentemente, aderiram ao esporte. Mas soou o gongo e eu preciso pular fora desse ringue, antes que eu saia daqui de maca. Um jab carinhoso para todos e até a próxima luta.

Daniel Rubens Prado.
Outono de 2007.


Foto: Stewart`s Booth, 1950.

3 comentários:

Rebecca M. disse...

Olá, Daniel!

Obrigada pela força no meu blog... Tenho tentado escrever mais, mas não tenho tido muito tempo (essa coisa de tese...).

Eu também adoro seus textos, principalmente os de ficção/poéticos... Gostei muito da sua crônica esportiva... É uma estréia? Vc manda muito bem nessa praça, pelo visto. E olha que eu nem gosto muito de box...

Beijo grande,
Estarei sempre por aqui!

Rebecca

Anônimo disse...

Adorei, Dan! E vou confessar que andei uma época procurando registros com lutas do Muhammad Ali. Reza a lenda que seus golpes eram parecidos com dança clássica; a precisão certeira e, acima de tudo, o respeito que o pugilista tinha para com seu adversário, deviam ser repassadas aos astros do ringue de hoje.

Bela crônica. Volte logo aos ringues ou invada um campinho de várzea... (quem sabe uma croniquinha sobre o meu time do coração, o Polytheama??)
Beijo
Val

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e