quarta-feira, 25 de julho de 2012

PELE

Sobrevivo, viro esquinas, pulo poças
uma lâmina de água e sou eu
refletido inúmeras vezes, numa quase perfeição.

em primeiro plano, meu pano, meu engano
a nítida imagem, insensata palidez
o maior órgão, a capa, o couro, a tez

me dás calor, protejas meu segredo
sejas meu castelo, minha cama, meu império
minha arma, irmã, meu desejo

mas me rusgue na hora exata
me rasgue na hora exata
rompa-me na hora exata

e serei eu, somente eu, naquilo em que estiver
a ver ti, fétida, se tornar homogênea frente ao solo
a nutrir e ser útil, como sempre se propôs a ser .
Poesia: Bruno Sales.
Imagem: Crissant.

3 comentários:

Adriana Godoy disse...

Rompe-se a pele, surge o poeta, explodindo em poesia.
Gosto demais.

Absoluta Criativa disse...

surpreendente... Adorei Bruno!

Bruno Sales disse...

Dri, Sibelle, obrigado pelo belo retorno... Isso sim é surpreendente!!! Beijos, alegrias e poesias, como diria o editor desse blog!