domingo, 25 de março de 2012

MÍNIMA REALEZA






falar de amor é foda
a mordaça é bruta
como falar sem podas
da primeira vez de uma puta
mendigo que escarrasse no trono
cachorro que mastigasse o dono
prece que se recusasse ao infinito
é sempre o desafio sem sentindo
de salgar os olhos do sono
se tudo já foi dito e repetido amor
se a palavra é branca e viscosa
como sêmen sobre a face impolutacomo se defecando sobre a rosaa palavra doasse o que se refutacomo se o amor fosse esse abandonoao flagelo do silêncio medonhoquando o sonho encontra o gritosagrado fadado ao mal ditoe não resta senão o gume do enganose tudo já foi dito e repetido amor
descobrir o amor: desfazer a prosa
que na cama do carma se desfrutadesmarcar as cartas viciosasmijar sobre o que a espera enlutapenetrar as coxas da lama a vergonhadesonrar qualquer túmulo que se imponhae descobrir no amor já fudidoa réstia de vida de todo morrido




Poesia de Sérgio Gomide.
Clique aqui para mais .


3 comentários:

Ewerton Martins disse...

Isso ficou espetacular. Sérgio, já havia gostado da poesia. Mas me tocou ainda mais na singular interpretação do Cabeça.

Adriana Godoy disse...

Bom demais, Buda. Adorei
msua performance e o poema de Sérgio Gomide. Parabéns aos dois.

Beijo

Vaggner Luiz disse...

Lirismo que salta aos olhos e adoça a boca. Excelente trabalho. Cada dia as páginas negras me surpreendem mais com belas palavras.