quinta-feira, 16 de abril de 2009

Porto de Quelimane - Moçambique



Do porto espero o aproximar de cada navio
Cada nau a vela turbinas
Mastros ao vento na brisa desse outro outono

O torpor aumenta a cada constatação
Não chegaste
Procuro-te junto à amurada
Mas nesse outro outono
Nada
Lembro-me da partida
Anseio pela chegada

Já disseram que cada partida é uma morte
Morrer no mar
Ao sol ao sal ventos do índico
Guia-nos em direção a história
De guerras de mundos longínquos
De homens deuses resolutos em tua ignorância

De gerir teus compatriotas
Subordinando nações inteiras
A resoluções ambíguas
Mutilações do raciocínio lógico
Dos valores dignos por vícios de poder

Navios por tempos tornam-se casas
Lares da tripulação dos homens do mar
Comandantes trapaceiros jogadores damas
De saias de copas cozinhas salões

A áspera angústia
Tênue linha entre a saudade e a renúncia
A sombra das palmeiras que dividem

Os muros do porto e as águas do mar.


Texto: Pablo Casarino.
Imagem: Waiting for breakfest - Tate Hamilton.
Imagem 2: Pablo Casarino.

3 comentários:

Bruno Sales disse...

Que belo poema! Tem o peso da história, é forte e rápido, como deveria ser.
Parabéns, Pablo.

Adriana Godoy disse...

Belo poema, forte e lírico, sem pieguice.Parabéns.

Unknown disse...

Maravilhosa poesia