segunda-feira, 7 de abril de 2008

OFÍCIO

Isso de amar a palavra, ordenar a frase na medida da lauda, arrancar dos fatos ácidos do cotidiano algum sentido poético de cronista;

Isso de ordenhar do verbo. Evitar a repetição, criar novos formatos para velhas fôrmas;

Isso de correr contra o relógio, de abrir email, falar ao telefone, anotar números sem nomes, perder o ar;
Isso de escolher uma imagem, de acolher uma seqüência, aceitar o corte;

Isso de "entrar ao vivo", isso de improvisar no 1º, no 2º e no 3º ato, decorar passagens e ser instrumento passageiro;
Isso de correr. Isso de estar entre fios e máquinas. E entre gentes e histórias. Isso de não poder mudar histórias. Isso de contar histórias. Isso de se saber parte, de sentir angústia, de fazer hora extra, isso de olheiras e de café;

Isso de assinar. Isso de anonimato. Bloco de notas, caneta sem tinta, atrasos e trânsitos. Isso de se embriagar. Para esquecer, para lembrar, para tornar lúcido e trazer à tona. Isso de ter na bagagem um pouco da loucura dos poetas, isso de Internet e cheiro de livro. Isso de antíteses.
Isso, sobretudo, de acreditar.

Texto: Val Prochnow.
Em comemoração ao Dia do Jornalismo.
Imagens: Autores desconhecidos.

10 comentários:

Fafa disse...

Isso de escrever com tamanha sensibilidade e talento, é simplesmente maravilhoso.
Perderíamos muito se você não o fizesse, então querida, parabéns pelo dia! Parabéns pelo
belo trabalho.

Catarina Leite disse...

isso tudo e mais um pouco né val?
minha dúvida que, momentaneamente, se transformou em sua também recebe o nome de Ofício...eta!
beijo grande.

Bruno Sales disse...

Isso sim! Parabéns, antes de tudo, pelo texto. Depois para nós, do ofício.

Anônimo disse...

Ah, mana, coisa mais linda!
...'essa estranha mania de ter fé na vida'... é muito você.
parabéns!

Anônimo disse...

ah, Val, como pode ser tao linda?!

Vc me inspira.!

:
" se todos fossem iguais a voce, que maravilha viver"...hi,hi , e' serio.

Gabriel Cadete disse...

Ah, isso de assinar e de anonimato. Exato. E, como você sabe, eu sou mais olheiras que café.

Mas que belo texto!! :)

Fritélix disse...

Isso é a nossa cachaça do dia a dia!
Parabéns Val.
bjos.

Rebecca M. disse...

Puxa, fiquei emocionada....

Posso enviar para meus amigos jornalistas?! Ficou tão lindo... com os devidos créditos, claro!

Bjos!

Anônimo disse...

Rebs querida, te respondi no seu 'umas e outras' (blog que acompanho e assino!) e reposnod por aqui também: fique à vontade pra disseminar palavrinhas À todos seus amigos. Fiquei muito feliz com sua manifestação por aqui e acredito que a palavra, depois de proferida, pertence a quem precisa dela e não mais de quem a escreve. Beijos todos!
Val Prochnow

Anônimo disse...

Queridos!
Respondi, com certa pressa de jornalista afobada, à Rebs... agora sim, com calma de criança que sobre em mangueiras meu muito obrigado de coração feliz a todos os comentários! Acho isso de ver cada um se expressando de forma tão singular e própria, maior que qualquer ofício!
beijos grandes e felizes!