terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Parto de um Texto (ou Maquiagem e Morfina)

 
O ócio atormentado erige a pena que, seringa cheia de um suor que escorre por dentro, investe palavras contra a alvura do papel tornando-o mais puro na media que macula.
 
O tormento provém do que fere a alma, sangra os princípios e derruba os dogmas tão arduamente construídos com a brisa que a musa, êmbolo precípuo de tudo, forma simplesmente por existir.
 
A musa, parto inverso (nasce pra dentro), violenta a vítima cingindo a navalha que causa o corte, que causa a dor, que causa o texto, que se finge de cura.

Cura que entorpece ao mesmo tempo que vicia.

Maquiagem que morfina,
Morfina que disfarça,
Morfina que vicia,
Morfina que me nina.
 
 
 
Texto: Igor Kolling Maciel.
Imagem: Fahad Alkadi.


Um comentário:

Ewerton Martins disse...

É de fato assim.