terça-feira, 20 de novembro de 2007

PARA SEMPRE


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,

luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.




Carlos Drummond de Andrade






5 comentários:

Anônimo disse...

Sábias palavras do meu poeta predileto, postadas pelo meu amigo poeta! Sensacional a ponto de causar choro sem fim...
Seja "FORTES" irmão, hoje e sempre!!!!

Anônimo disse...

ainda é cedo
pra ir
deita aqui

mais um beijo
você sorri
_______________

parceiro,
"fosse eu rei do mundo, baixava uma lei"

Elisa disse...

cabeça, cê já leu omar khayan?

Rebecca M. disse...

Amigos do Eutanásia...

Convido-os (especialmente o Daniel) a participar de um desafio que inventei...

Olhem lá: http://umasoutras.blogspot.com/2007/11/desafio-fale-sobre-si-mesmo-como-se.html

Anônimo disse...

Dos mistérios do mundo sabemos
Mas permanecem enigmáticos
Aquilo que tememos perder
Na verdade não se vai,
Permanece em pensamento
Colado a todas as coisas
Em diversas estações...
Invernos, primaveras, outonos e verões
Verão
No frio solitário
Nas flores belas
Na docilidade dos frutos
Ou nos raios de sol que iluminam as vidraças,
Lá está ela...
Mas, ora, por que foste embora?
Embora não saiba,
Embora não sinta,
Embora se vá,
Fica!
Colado a todas as coisas
Em todos os momentos...