Lá no alto da cidade, onde o vento faz a curva, sorrisos e lágrimas se misturavam. O coração batendo forte estava cansado de navegar num mundo imaginário. Correu atrás da verdade. Cruzou a cidade, arrumou os cabelos, colocou a camisa para dentro da calça, consertou a postura. Deu mais alguns passos, certificou-se de que estava em um lugar isento de desconfianças. Não queria que soubessem qual era a sua intenção.
De tanto se ocultar, ocultava-se também o que queria descobrir. Deu um passo atrás e ficou no meio de tudo. As coisas foram se clareando. A luz começou a entrar pelas frestas, portas e janelas. Atingiam diretamente a retina e os olhos que ardiam, queriam se fechar, mas não podiam. Precisavam ficar bem abertos pra ver. A verdade começou a se despir. Certa timidez tomou conta, uma vontade de sair correndo. Ficou.
Os olhos foram deixando de arder e então pôde ver tudo, claramente. Finalmente entendeu. A claridade começou então a abrandar lentamente. Foi embora, junto com o último raio de luz que escorria rua abaixo. Deitou-se com satisfação, pois descobriu que o desamor não era apenas imaginação. Adormeceu-se e sonhou que nada disso era verdade...
Imagem: Obra de Renata Schussheim.
3 comentários:
Demais!!!!!!!!
clap, clap, clap! bravo!
humhum... e não é assim mesmo esse tal de viver?
amei, minha amiga querida.
beijo!
Val
Aninha,
Então vc escreve também?!
Que delícia...
Adorei!
Postar um comentário