Dançarina
queria palco sempre quis
roupa de brilho coque
fru-fru e rosa
choque
Sapatilha entregou os pés
aos salto
saltos estreitos
que a trancos e barrancos
se equilibram sobre
paralelepípedos, buracos
vazios que me lotam a alma
desespero
sobressalto
Palco mesmo é rua de poste
com sorte um afago
gratuito. Carona sem cobrança
ou desconto no preço final
talvez lembrança de vida
sonhada
que não o inverso
que não a morte
Dançarina que não fui
Pari filho sem pai
foi ballet desesperado
em noite sem gala
beco num pulo vira maca e
sem treino obra de quem?
aconteceu João
mirrado magro pequeno
O filho hoje vai bem
obrigada
dança funk na quadra
Do Morro
lava minhas roupas
me toma nos braços
me compra música bonita
me devolve um pouco
daquilo que em mim é sonho
um pouco de mim
parte tomada
E as manhãs
todas
vem João pés descalços
senta ao chão de cimento queimado
pede dança
antecipa palmas
e bis e olhos vidrados
Eu bailarina exata
boto a velha sapatilha
apertada
mando-lhe beijo no ar tomo fôlego ergo a cara
e sou só entrega
ao filho legitimo da puta
(que me olha que me devora)
e desejo sorte vida leve
amor de gente pluma
João nem sabe
ao menos por palavra concreta
mas é ele, só ele o
único homem que me viu chorar.
queria palco sempre quis
roupa de brilho coque
fru-fru e rosa
choque
Sapatilha entregou os pés
aos salto
saltos estreitos
que a trancos e barrancos
se equilibram sobre
paralelepípedos, buracos
vazios que me lotam a alma
desespero
sobressalto
Palco mesmo é rua de poste
com sorte um afago
gratuito. Carona sem cobrança
ou desconto no preço final
talvez lembrança de vida
sonhada
que não o inverso
que não a morte
Dançarina que não fui
Pari filho sem pai
foi ballet desesperado
em noite sem gala
beco num pulo vira maca e
sem treino obra de quem?
aconteceu João
mirrado magro pequeno
O filho hoje vai bem
obrigada
dança funk na quadra
Do Morro
lava minhas roupas
me toma nos braços
me compra música bonita
me devolve um pouco
daquilo que em mim é sonho
um pouco de mim
parte tomada
E as manhãs
todas
vem João pés descalços
senta ao chão de cimento queimado
pede dança
antecipa palmas
e bis e olhos vidrados
Eu bailarina exata
boto a velha sapatilha
apertada
mando-lhe beijo no ar tomo fôlego ergo a cara
e sou só entrega
ao filho legitimo da puta
(que me olha que me devora)
e desejo sorte vida leve
amor de gente pluma
João nem sabe
ao menos por palavra concreta
mas é ele, só ele o
único homem que me viu chorar.
Texto: Val Prochnow.
Imagem: Oleg Novojilov.
5 comentários:
Um poema bom demais...bj
Amo tanto e de tanto amar não sei se prefiro quando você escreve com candura ou rasgado desse jeito. Não sei. Juro que não.
Beijos, alegrias e poesias,
Dani.
Emocionante...
nao sou entendida de poesias e prosas, mas sei quando gosto delas. to amando essa série de poemas "rasgados". já to falando que é série porque é tão bom ler e imaginar esses personagens que tem que ter continuação...
ja estou ansiosa pra próxima!
beijao
Camila
equilibrando-se em saltos nas ruas que não foram feitas para eles, ou pelo menos não para se andar confortavelmente. E no cotidiano são tantas as inadequações necessárias para parecer ou sentir-se adequado que a coisa só faz sentido se a gente se esforça em por sentido na coisa toda.
Filho da puta é o poema!
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