segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ritual de Lua Cheia


Equinócio de Outono

Quero amá-lo
num ritual de lua cheia
equinócio de outono
amar até vir o sono
amarrá-lo nessa teia
santa ceia de noite e dia
na pousada lua e terra
na pousada céu e serra
mel e rubor
até o estupor,
explodir a alma.

Calma, calma, por apenas mais um minuto,
depois dos surtos de verão, não sei não
ainda não entendo sua evasão
calma! não sei se me acostumo
Tenho medo/tome prumo
essa é minha dualidade
e depois deu saudade
e guardei-a só pra mim
vai que é só minha, enfim,
a saudade
nem tudo foi dividido
mas algo foi duvidado
partido, compartilhado
não está escondido,
está escancarado
basta ser lido
no poste ao lado.


Poesia: Kamilla Mota.
Fotografia: Daniel Rubens Prado.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Imperceptível














ontem eu estava verbal
e não percebi
hoje apenas sinto, fito, ouço

sei de seus pensamentos
sobre o meu corpo
eles estão aqui, neste quarto

juntos
ao odor da noite, que impregna o dia
à ponte de vapores que nos liga

a memória larga
em uma fenda mínima
aberta por sua navalha

sulco
que só para mim
o espelho revela

pequena ruga em minha cara
estranha ferida que não se vê
mas constante

transcurada.

Poesia: Luisa Godoy.
Imagem: Fenton Bailey.