Quero comprar um barco.
Um lar que balança como um berço para que eu possa morar.
Navegar pelos ares sonoros, deslizar correntes. Ter um barco...
Para que a vida seja,
não só o sopro quase sempre inesperado,
mas o mormaço, a brisa, o azul de céu, o pedaço do oceano,
os devaneios do mar.
Quero embarcar nessa onda que não teme correnteza,
que corre seus riscos e não tem medo de se afogar.
Vou pendurar quadros em suas paredes incertas,
encher de uísque, rum e vodka as prateleiras do bar.
Deixarei as escotilhas abertas, buscarei a bússola antiga e velas eternamente preparadas para zarpar.
Meu barco sem âncoras, sem jeito, sem rumo,
cheio de asas de ir e voltar.
Hei de morar em você, caminhar como quem mergulha em águas
que não se deve nadar.
Poesia: Daniel Rubens Prado.
Imagem:Ronaldo Autuori.
Imagem:Ronaldo Autuori.