Com direito a bairrismo
Belo Horizonte de esquinas vadias, de famílias tradicionais. Belo Horizonte do vai-e-vem da Praça VII, da fé às margens da Lagoa da Pampulha. Belo Horizonte segura na mão de Deus, orando suave na beleza humilde da Igreja de São Francisco, sem esquecer os pobres irmãos meus.
Belo Horizonte boêmia, das ruas transversais, nas paragens interioranas do bairro Santa Teresa. Belo Horizonte da cervejinha gelada, do sabor do tira-que-dá-gosto e da graça de sua cachaça. Belo Horizonte na embriaguez suave das serenatas, do Clube da Esquina e minhas meninas.
Belo Horizonte das curvas de Niemeyer, BH de JK, das charmosas mineiras, dos desconfiados pés atrás. Belo Horizonte Curral de Minas, das Serras; Belo Horizonte de suas praças e parques. Belo Horizonte de um verde ímpar, inconfundível. Belo Horizonte de céu azul, onde o Galo canta para acordar o Cruzeiro do Sul.
Belo Horizonte das vilas e favelas, aglomerando cultura e história nas veias de seus moradores. Belo Horizonte de desilusões e amores; Belo Horizonte de esperanças de curar todos os males e dores.
Antes de qualquer coisa, Belo Horizonte é mineira. E sua mineirice, ainda moleca, vive e cresce com o ideal intrínseco de liberdade – ainda que tardia. Belo Horizonte é a cidade dos mineiros e muitos mais – Belo Horizonte é do Mundo, Belo Horizonte é Minas Gerais.
Djalma Gonçalves