Domingo. O sol iluminava os cabelos dourados do menino. O menino iluminava os olhos do poeta e os enchia de esperança. Entre os dois, uma bola. A bola nos pés do menino, a bola nos pés do poeta.
Tentou um drible, mais um, até jogá-la para o outro lado do muro. Teve medo de perder mais uma bola. Teve medo de trocar a alegria de domingo pelo choro. Mas, antes que o menino derramasse a primeira gota salgada, o poeta lembrou-se de que um dia foi menino. Menino que não sonhava em ser poeta, mas já vivia de poesia - estado de graça.
Tirou o relógio do pulso, sorriu, moleque peralta, puxou um bocado de ar e pulou o muro como nos tempos idos.
Dois arranhões no braço, dos cacos de vidro do muro e da distância que o separava da meninice. E, mais, o dourado de todas as infâncias sorrindo na cara do menino.
A bola nos pés do menino, a bola nos pés do poeta.
Domingo salvo.
Texto: Daniel Rubens Prado.
Imagem: Bruno Correia.
4 comentários:
Nos pés das palavras onde nascem bolotas de poesia pra vivificar a mortífera poética de sermos!!
mto bom o blog.!.
Legal, Dota, legal. Mas... cadê a Bahia?
a bola nos pés do menino, a bola nos pés do poeta
o menino no coração do poeta, a bola na cabeça do menino
o poeta menino chupando laranja no quintal
Adorei!
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