Uma fotografia que seja...
Foi na posse da nova diretoria da empresa. Quase trezentas pessoas aguardavam a solenidade. O fotógrafo, novato, estava sem lugar. Entre uma foto e outra, observava, com encanto, as colegas de trabalho. Uma mais suave que a outra.
Em um canto do pátio, longe de onde se aglomeravam os funcionários, debaixo de todo aquele sol de ferver mamona, uma visão. Talvez não fosse a visão do paraíso, mas, com certeza, uma imagem estonteante. A mais bonita, desde seu primeiro dia de trabalho.
Ela? Deve ter lá seus vinte anos de idade. Usava um vestido de alcinha estampado e volta e meia sorria com ternura. De pele branca, tipo escandinava, jorrava um charme sem diplomacias. Olhos claros e cabelos castanhos. E, ainda, cheia de curvas. O fotógrafo, óbvio, em um só verso.
A vontade dele foi esquecer toda aquela cerimônia e fazer um ensaio fotográfico. Daqueles que deixariam Bob Wolfenson sem emprego. Não conseguiu parar de olhar, nem por um minuto, a moça que sorria em um sol para lá de bom-dia. Ela, só tinha olhos para um sujeito vestido de terno e bigode, que observava, de cara boa, o longo discurso.
O rapaz que tirava fotos achou, que a partir daquele dia, encontraria a moça pelos corredores da empresa. Era só deslumbramento, até o momento em que o sujeito – sim, o do bigode – acenou e pediu para que batesse uma foto dele com sua família.
Pois lá estavam – pai, mãe e a linda filha – distribuindo sorrisos para a lente sonhadora do jovem fotógrafo, que, embora menos, também sorria.
Daniel Rubens Prado,
Verão de 2007.
Quero me casar...
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