A imagem que tenho é de uma mulher deitada embaixo de um pé de jabuticabas.
É puro conforto. As janelas, do quarto onde estou, abertas. O suficiente para querer matar o tempo.
Não preciso tocá-la. O vento torto é amigo. O perfume chega e paira no quarto. Ela coloca uma jabuticaba na boca e, sem mastigá-la, faz biquinho e sorri.
Volto e me deito. Sei que ela está logo ali. Brinca com os meus sentidos. E o vento? Faz assobios e eu penso na delicadeza do mundo. Ah, ciúmes das oscilações do tempo sobre sua pele.
Volto para a janela. Ela não mais está embaixo da árvore. Ouço seus passos na escada. Os degraus rangem. Ela se aproxima. Sou um sorriso só. Largo.
Ela se deita.
Dorme vestida de sonhos, sob o lençol que ninguém sabe se é brisa ou manto. Nada ousa interromper sua calma.
Junto ao vento, velo seu sono.
Puras brisas.
Daniel Rubens Prado,
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