quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007


A mulher mais bonita do centro da cidade


Quem a viu, sorriu. A face perfeita da mulher, eleita, por mim, a mais bonita do centro da minha cidade. Todos pararam para vê-la passar. Não tinha apenas os traços faciais lindos. Tinha também um bumbum arrebitado. Nem grande, nem pequeno. Suas nádegas balançavam ao ritmo de seus passos. Usava roupas discretas, mas mesmo assim era difícil disfarçar a preciosidade de cada curva de seu corpo. Do joelho para baixo, pernas lisas e morenas. O que me deixava a imaginar o resto. Seios redondos, firmes, daqueles que clamam a palma da mão. Uma formosura de mulher. E, além de tudo, cheirava a jasmim.

E não era apenas sua fisionomia. Seus movimentos denunciavam uma alma honesta e delicada. Impossível não ter a voz mais suave deste mundo. Com tantas qualidades, por que não mais uma?

A moça nem ao menos olhava para os lados. Ia em frente, sem se dispersar do trajeto proposto. Alguns assobios de longe. Inevitáveis. Trata-se do centro da minha cidade e galanteios de fazer passarinho chorar são coisas constantes.
Os olhos meio puxados traziam algo indígena. Talvez, filha de pai peruano e mãe brasileira. Com certeza, brasileira – não caminhava, gingava! E os olhos com que os homens, pobres homens, a olhavam, eram cheios de fome, sede e desejo. Inclusive os meus, desvairados.

Naquela tarde no centro da cidade, sorri. Houve um sossego momentâneo quando vi a mulher mais bonita distribuir encantos aos homens e nem perceber toda a pressa desnecessária se esvair.

A mulher passou.

Dobrou a esquina, sumiu. Mas o encanto, não.

Os homens do centro da minha cidade voltaram aos seus afazeres, com a lembrança e a leveza da mulher morena. E a esperança de outras aparições.


Daniel Rubens Prado,
Verão de 2007.
Sol forte e muito refresco.
Imagem: Life in the big City Nairobi,
by George Thiaru.

Um comentário:

Anônimo disse...

você!
obrigada por isso!
meu carinho sempre!