sexta-feira, 27 de janeiro de 2012



Eu que vivia poesia
Outro tempo senti que ela corria de mim
Corri atrás da poesia, como quem apenas corria
E ela fugia, numa corrida sem fim

Então um moço disse que de tanto se esforçar
Só fazia afugentar poesia
Que poesia é passarinho,
que de pouquinho em pouquinho
Se deve esperar,
Que era só se fazer de poleiro,
que sem assombro
ela viria pousar no meu ombro


Poesia: Kamilla Mota.
Imagem: Luiz Ventura.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

De um específico sentimento melancólico que resulta de um afastamento específico

Padeço de saudade crônica
e esse é o pior tipo de saudade
me faz quase um morto

Com saudade aguda
se ouve alguma orquestra sinfônica
se joga o corpo na cama
se joga na cama outro corpo
se joga e logo se faz idade
E tudo se esvai com a idade


Menos a saudade crônica

Se faz como se fosse a morte
desfaz qualquer tipo de sorte
e causa uma dor absurda
me impede de andar, senão torto
sabe, ela é arqui-inimiga da idade
uma orquestra que toca para sempre
pensando bem era mesmo melhor estar morto

Padeço de saudade crônica

E nem sei mais se padeço ou se já padeci
Pensando bem, era mesmo melhor estar morto


Sabe, eu acho que morri


Poesia: Ewerton Martins Ribeiro.
Imagem: Adam Taylor.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011




Summer is blue
Like the heaven's sky
A million clouds drifting above the forest
And the ocean waves greeting the sand

Summer is gold
Like a clean star
The pipi are boiling on the oven
And moths are fluttering around the camper van

Text: Teo Scott de Rezende McGuinness.
Image: Fel Magalhães.




O verão é azul
Como o céu do céu
Milhares de nuvens penteando a floresta
E as ondas do mar sorrindo pra areia

O verão é dourado
Como estrela polida
Pequenos mariscos pulando no fogo
Mariposas voando em volta do Trailer


Tradução: Maurício Meirelles.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O silêncio


Silêncio...
Eis que sinto a pulsação do corpo
Meu peito pulsa como um tiro de melancolia
Meus olhos se fecham
Sinto meus pés se distanciando do chão
Meu corpo se esvai
Por entre as cores dos céus
E minha alma flutua
Perpassando a imensidão


Poesia: Bruno Grossi.
Imagem: Banksy.