O fluxo do ouvido está travado,
Não ouço, mas escuto o que eu falo.
Vejo o que não posso.
O que se preza,
Não mata, não dorme, desespera.
O gosto do silêncio está fechado,
O grito do sufoco está calado.
Calmo, vivo, não enxerga.
Já não come, não engole,
Espera.
O homem que não pensa está ferrado.
Ferrado pelo corpo,
Pelo ato.
Não pensa, descansa,
Não se cala.
Como mero semelhante,
Não entala.
O olho do umbigo já não fecha,
A boca do sussurro já não fala.
Imagem: A Cidade
Acrílica e Carvão sobre cartão
60cm x 40cm
2008