terça-feira, 19 de agosto de 2008

CACTOS


A sombra me persegue,
Sob a névoa
Não consigo me mover.
Sou incompreendido,
Preso em um muro
Ou em meu próprio pensamento.
Meus olhos já não fixam em algum lugar,
Como a lua pára para te olhar.
Estes vilipendiados olhos
Doem, choram e imploram
Para que fiquem só.
Não consigo me livrar
Do infortúnio calar.
Sinto pessoas a me olhar,
Como um animal devora
A sua insípida carniça.
Creio que irão matar-me.
Sinto-me desprotegido, frágil, inútil.
Sinto-me sem amor, sem dor e sem desejo.
Já não sei o que fazer,
Procuro a solidão
Para que a minha trágica energia
Não contagie as pessoas.
Para que o meu olhar
Não cruze com os demais.
Assim terei meus próprios sentimentos,
Meu próprio coração,
Que a cada despertar
Encontra o silêncio.
Estou surdo e cego,
Estou inválido.
Submeto-me ao inoportuno desespero,
Ao incômodo calar.
Viver agora dói,
Não mais a quero.

Um comentário:

Isabella Grossi disse...

Lindo, como sempre!
Amo.