sexta-feira, 22 de junho de 2012

Aves e árvores


Aprendi com minha mãe sobre as aves e a vida.
Toda árvore, ave espera, para depois ver voar.
Cresci com as quedas das folhas.
Feito deserto com sede, assuntei igual estátua de garça, e, de graça,
viver, aprendi.
Senti-me peixe, carregando o rio dentro de mim.
Meus olhos se preencheram de beleza.
Tudo era movido pelo desmedido e, na medida que crescia,
Meus olhos já não cabiam de belezas,
Então, comecei a derramar... minhas escritas.

 
Poesia: Luiz Dias.
Imagem: Ewa Zauscinska.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Seu nome

Desce a neblina, você está gelada,
seus olhos perto dos meus,
desconheço seu nome.

Invento uma regra, repudio seu frio,
ofereço um presente, um moletom sem cor,
o arlequim se vai, sou eu quem lhe beijo.

Te dou um circo, você aceita
e olha de frente todos os monstros,
mas leva de lá a alegria dos palhaços.

Descobrimos em roupa e alma
que o que era tácito foi dito.

Hoje eu sei seu nome.
Poesia: Bruno Sales.
Imagem: Rafael Godoy.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Agora que não há mais a esperar...


Minha boca foi silenciada
A espera prontamente interrompida
O amanhã se rendeu ao hoje
Nenhuma mais palavra foi proferida

Meus sentimentos foram congelados
Como granizos que subitamente caem
Batendo placidamente nos vidros
E tão logo se esvaem.

Meus olhos pesadamente se abrem
Espreitando-se em direção ao infinito
Prossigo e persigo um rumo qualquer
Guiada por um silencioso grito

Sinto-me acalentada pelo desconhecido
Me jogo e recuo, recuo e me jogo
Como vibrações sonoras
Entoadas por um peito oprimido

Na vastidão de possibilidades provisórias
Me perco nas beiras turbulentas do furacão
E me acho na calmaria do seu centro
E tudo se torna novamente uma opção.

E me lanço para fora
Ao meu tão esperado reencontro.
Poesia: Alessandra Hallak Lombardi.
Imagem: Kátia Lombardi.