domingo, 25 de março de 2012

MÍNIMA REALEZA






falar de amor é foda
a mordaça é bruta
como falar sem podas
da primeira vez de uma puta
mendigo que escarrasse no trono
cachorro que mastigasse o dono
prece que se recusasse ao infinito
é sempre o desafio sem sentindo
de salgar os olhos do sono
se tudo já foi dito e repetido amor
se a palavra é branca e viscosa
como sêmen sobre a face impolutacomo se defecando sobre a rosaa palavra doasse o que se refutacomo se o amor fosse esse abandonoao flagelo do silêncio medonhoquando o sonho encontra o gritosagrado fadado ao mal ditoe não resta senão o gume do enganose tudo já foi dito e repetido amor
descobrir o amor: desfazer a prosa
que na cama do carma se desfrutadesmarcar as cartas viciosasmijar sobre o que a espera enlutapenetrar as coxas da lama a vergonhadesonrar qualquer túmulo que se imponhae descobrir no amor já fudidoa réstia de vida de todo morrido




Poesia de Sérgio Gomide.
Clique aqui para mais .


terça-feira, 6 de março de 2012


O corpo guia. É sincero e não mente.

Eu faria muitas coisas para agradá-lo,
simplesmente por fazer feliz meu coração
e outras partes do meu corpo.
Meu amor não é sensato,
incapaz de estatísticas e probabilidades.
Meu amor pode se fazer em um segundo,
durar apenas um segundo,
mas nunca, até hoje,
uma vida inteira.

Hoje posso dizer,
aprendi a desnudar-me de algumas pretensões,
talvez.
Talvez o amor não seja pretensioso.
Pretensões fazem parte de outro mundo de coisas...
se bem que
pretender não é tão ruim assim,
se a angústia for abandonada
e a incerteza se tornar,
ao invés de motivo de medo,
uma aliada.


Texto: Kamilla Mota.
Imagem: Shabahalov.