quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DANÇA DAS FORMIGAS

Observando as formigas na parede, sigo suas trilhas até o imaginário.
Dimensões que você bem sabe aonde,
Belezas de um caos ou de extrema organização social.

Talvez por estas variáveis andanças, eu possa coroar nosso enlace com uma dança.
Porque o tempo corrói a tudo estático
e não podemos nos deixar presos em algum pátio.

Nestas divagações de profunda ciência quântica, sou apenas um sonhador sobre sua forma física,
Seguindo as trilhas destas pequenas formigas, te coloro bela e infinita em várias telas.
O vermelho colore sua bochecha, o azul tinge o branco de sua sombra,
O amarelo transmite sua energia, o castanho brilha seus olhos durante os dias.

Pequenas formigas que a união trilha ensinam que amar nasce do pequeno,
Transforma-se de nascente em ribeirão,
torna-se rio que leva a imensidão do oceano.

Insetos na incansável idéia de produzir, cortar, carregar, induzir, defender, atacar, consertar, obedecer, reproduzir e distribuir.

São todas em uma,
o conjunto faz a mudança e o jogo faz a dança.


Texto: Marcelo Deoti e Silva...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O gorjeio da alma


A noite cai
Meus olhos serrados ao alto
Vejo o que os olhos
Não poderiam ver
À luz do dia

O silêncio
Os passos na calçada
A luz que perpassa
Por entre a janela

A triste rua
O corpo vazio
O olhar cego
E a voz temporã

Eu olho para o lado
E vejo o futuro
A alma pura e secreta
A luz que gorjeia
Na mais bela flor
Poesia: Bruno Grossi.
Imagem: Vagner Luiz.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

RECADO SOBRE O TEMPO

Aceitemos o tempo que passa,
A lágrima que escorre,
Para que não haja mais desencontros.
Para que não aconteça o abandono supremo
E não nos tornemos escravos de nós mesmos.

Deixemos que a ausência se certifique
que o que fascina e ilumina
É amor, e não descontentamento.

O tempo passa.
E, dentro de seus segundos,
perdemos horas.

E tanta coisa mais...

Perdemos até aquilo que ainda não tivemos.

Mas a ilusão permanece. Nossa doce ilusão.

E dos sonhos, do que remanesce, renasce o carinho,
que recria outros tantos encantos
e mil outros desejos quanto precisos.

Para entender do amor e seu tempo,
basta estender as mãos num gesto despojado
de quem sabe que carinho dado
nunca deve ser cobrado.

Poesia: Daniel Rubens Prado.
Imagem: Tear, por Yxia Olivares.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Depois da orgia vem a solidão

Na volta pra casa, cabelos emaranhados e pernas exauridas. Luxúria que desperta arrepios na pele e sorrisos em pernas exaustas de prazer. Homem mulher homem mulher mulher mulher homem mulher. O chão que vira cama, a parede que vira cama, o teto cama. E muito suor. Gritos gemidos silêncios. Bocas que se beijam, lábios que se mordem. Guilherme Catarina Marcela Giovanna Otávio e... os nomes nem importam mais, são todos um.

Na volta pra casa o sol chega a incomodar. Brilho fora de moda, fulgor que se perdeu na noite dos prazeres.

Em casa, nem sol nem cansaço me molestam mais. Só o vazio, deserto d’alma inebriada, embriagada de tantos corpos.

Em casa, uma certeza... depois da orgia vem a solidão.


Texto: Mayra Spinelli.
Imagem: Emil Schildt.